Erva guiné (Petiveria alliacea): benefícios e características

Erva guiné no jardim


Família - Phytolaccaceae R. Br.

Gênero - Petiveria L.

Nome científicoPetiveria alliacea L.



A erva guiné



Petiveria alliacea é chamada popularmente no Brasil de erva-guiné, erva-de-alho, erva-pipi, amansa-senhor, anamu, iratacaca, tipi, raíz-de-gambá, entre outros nomes. Essa erva é originária da América Tropical e Subtropical, sua faixa de ocorrência natural se estende da Flórida, nos Estados Unidos, até a Argentina.


A erva-guiné é uma planta cercada de misticismo pelos devotos das religiões de matriz africana, ela é usada em cultos para benzimentos, defumação, e ainda em banho de ervas e para bloqueio de energias negativas no famoso vaso de sete ervas, entre outras finalidades.


Além de planta mística, a erva-guiné é uma planta medicinal dotada de propriedades terapêuticas, tanto que existem registros da utilização dessa planta para a cura de enfermidades desde a época escravagista. Naquela época os senhores escravocratas recebiam doses administradas por seus escravos que tinham conhecimentos dos poderes da planta e, por conta disso, a planta era chamada de amansa-senhor, pois algumas vezes os escravos aplicavam por conta própria doses mais elevadas para acalmar ou até mesmo debilitar os seus patrões.


Quanto aos usos medicinais populares, a erva guiné é usada no Brasil e em outros países para tratar artrite, reumatismo, gripe, tosse, sinusite, dor de dente, dores musculares, dor de cabeça, flatulências, malária, vermes intestinais, problemas de pele, para melhorar fluxo menstrual, entre outros. No seu extrato bruto constam alcaloides, flavonoides, esteroides, triterpenos, taninos, saponinas, compostos fenólicos, cumarinas e glicosídeos. Esses fitoquímicos são responsáveis por algumas propriedades medicinais relacionadas a erva guiné, entre elas:


  • anti-inflamatória;
  • analgésica;
  • anestésica;
  • ansiolítica;
  • anticonvulsiva;
  • antiespasmódica;
  • antirreumática;
  • afrodisíaca;
  • abortiva;
  • antitumoral;
  • antiofídica;
  • antimicrobiana;
  • anti-helmíntica;
  • acaricida;
  • diurética;
  • emenagoga;
  • imunomoduladora; e
  • neuroprotetora.



Toxicidade


Embora possua propriedades terapêuticas, a erva guiné também possui compostos com ação tóxica e por isso o uso dessa planta para fins medicinais deve ser feito com muita cautela. Os estudos sobre a toxicidade dessa planta, em doses variadas e em diferentes soluções são controversos, pois alguns testes não apresentaram danos significativos nos órgãos dos animais testados por até 14 dias, indicando baixa toxicidade, já outros apresentaram alguma evidência tóxica, como sobrecarga hepática e aumento na glicemia. Em um estudo, os cientistas identificaram que o extrato da planta contém um agente mutagênico e que o uso crônico, em altas e repetidas dosagens por longos períodos pode causar efeitos adversos à saúde.


A planta também é reconhecida por ser tóxica aos animais, em pastagens a erva guiné pode causar intoxicação de bovinos, principalmente bezerros, que passam a apresentar falta de coordenação motora e posição anormal dos membros posteriores, além de outros sinais clínicos.




Características da erva guiné



Hábito — planta terrestre, perene e subarbustiva. Possui porte entre 40 a 100 cm de altura

Caule — ereto, semilenhoso e com lenticelas na região basal, os ramos são verdes e canaliculado.

Folhas — pecioladas e com par de estípulas lineares na base do pecíolo; elas se distribuem de forma alterna, possuem consistência membranácea e formato oblongo a elíptico, são glabras (sem pelos) e possuem margem inteira.

Inflorescência — racemo axilar ou terminal, em forma de espiga linear que mede entre 20 a 30 cm de comprimento..

Flor — subséssil, bissexuais, possui cor branca a amarelada.

Fruto — aquênio de 7 milímetros de comprimento, possui formato em cunha achatada, possui depressão no ápice e 4 ganchos virados para baixo que podem se agarrar em pelos de animais facilitando a dispersão da semente.



  • Publicação de caráter informativo sobre a descrição botânica, usos populares e propriedades da erva guiné confirmadas por estudos em animais, portanto não tem intuito de sugestionar usos medicinais. Para tratamentos o correto é sempre buscar orientação de um profissional da saúde.


Consulta bibliográfica:


A fitoterapia no SUS e o Programa de Pesquisas de Plantas Medicinais da Central de Medicamentos; Ministério da Saúde. Brasília - DF, 2006.

Program of Applied Research to Popular Medicine in the Caribbean; Tramil,net.

Trevisan. Uso popular e atividades antiofídicas e repelentes da planta medicinal(erva tipi) Petiveria alliacea L. frente ao veneno da serpente Bothrops moojeni. TO, 2021.

Royal Botanic Gardens, Kew. Petiveria alliacea; pl 342 (1753).

Maia C. S; et al. Avaliação da toxicidade do extrato de Petiveria alliacea sobre Artemia salina Leach. Sociedade Brasileira de Química.

Garcia-Perez, et al. Avaliação toxicológica de suspensão aquosa de folhas e caule de Petiveria alliacea. Revista de Etnofarmacologia; v. 211; 2018.

Gómez R F, et al. Medicina tradicional en los corregimientos de Medellin. Herbário Universidad de Antioquia, 2016.

Hoyos L. S. et al. 1992. Evaluation of the genotoxic effects of a folk medicine, Petiveria alliacea (Anamu).


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