Família - Nymphaeaceae - Salisb.
Gênero - Nymphaea - L
Nome científico - Nymphaea caerulea - Savigny
Sinônimo homotípico - Nymphaea nouchali var. caerulea - (Savigny) Verdc.
Nymphaea caerulea é uma espécie de planta aquática originária de planícies alagadas das margens do Rio Nilo de alguns países africanos, entre eles o Egito, onde essa espécie foi reconhecida como a flor retratada na mitologia e presente nos rituais do Antigo Egito.
Popularmente a Nymphaea caerulea pode ser chamada de ninfeia, lírio-d'água-azul, lírio-d'água-sagrado, lótus-azul, lótus-azul-sagrado e lótus-do-egito. Porém a denominação lótus ou flor-de-lótus também é empregada a espécie Nelumbo nucifera, o lótus indiano, uma outra planta e de origem asiática, sem qualquer relação com o lótus egípcio.
O lótus-azul-do-egito teve status de planta sagrada e foi venerado pelas castas superiores de diversos reinados do Antigo Egito. A flor foi mencionada e retratada em escrituras feitas em papiro e diversas obras de arte, em muitas cenas ela aparece em ritos sendo ofertada, cheirada ou junto a algum deus da mitologia e ainda pintada em objetos como vasos e amuletos.
Após escavações arqueológicas, foram encontradas em tumbas de reis e sacerdotes muitas peças feitas de madeira, cerâmica e estatuetas de faiança e ligas metálicas em que a flor-de-lótus-azul está retratada. Inclusive coroas de flores contendo pétalas da flor foram encontradas pelo arqueólogo Schweinfurth nos sarcófagos de Ramsés II, Amenhotep I, entre outros. Isso porque os antigos egípcios tinham a crença que a flor possuía poderes mágicos ligados ao renascimento na vida após morte e conexão com as divindades. Eles também creditavam nessa flor poderes de cura e revigorantes devido as suas propriedades.
Entre os deuses da mitologia egípcia ligados a flor-de-lótus destaca-se o deus Sol (Rá), o deus da criação e mantenedor da vida. Segundo um mito esse deus teria nascido de um lótus-azul no oceano primordial e era o responsável pelo sol de todas as manhãs que surgia de um lótus-azul, ao qual no fim do dia retornava para a flor que se fechava.
Outro deus ligado a essa flor é Nefertum, ele é considerado a personificação do lótus-azul e por isso é comumente retratado com uma coroa de flores de lótus na cabeça. Esse deus é mencionado como o deus da beleza, da aromaterapia e da cura e algumas de suas estatuetas feitas de metal com incrustações de pedras preciosas foram encontradas em algumas tumbas de faraós servindo de amuleto.
Por tudo isso, o lótus-azul-do-egito simbolizava a criação do mundo, o renascimento para uma nova vida, a renovação das energias e a conexão com o divino.
Peças encontradas em tumbas com pinturas da flor do lótus-azul: a esquerda um hipopótamo e uma tigela, ambas retratando fielmente através dos tracejados as manchas nas sépalas que a espécie possui. |
Propriedades da Nymphaea caerulea
O lótus-do-egito (Nymphaea caerulea) é uma planta medicinal, a flor é psicoativa devido aos alcaloides apomorfina e nuciferina, alcaloides que lhe conferem ação sedativa, estimulante, afrodisíaca e sonífera. Há relatos de usos desde a antiguidade como afrodisíaco, para estimular o bom humor, reduzir a ansiedade e ter sonhos lúcidos.
Inclusive em alguns países da África e Ásia é comum a comercialização das flores secas, extratos e óleo essencial do lótus-azul, porém até o momento não existem estudos que assegurem o uso para fins terapêuticos. Já na Letônia, Polônia e Rússia essa planta é proibida devido as suas propriedades psicoativas que em altas doses e ainda misturada com substâncias entorpecentes podem causar sérios efeitos adversos.
Características da Nymphaea caerulea
Planta aquática e perene, mas no inverno perde todas as folhas, voltando a emitir nova folhagem na primavera. O caule do tipo tubérculo fica submerso no fundo lamacento, inicialmente possui formato globular a ovalado e cor castanho-escura, dele partem os pecíolos com as folhas flutuantes, o pedúnculo floral e as raízes adventícias esbranquiçadas.
Os pecíolos são longos e possuem canais para oxigenar as partes submersas no fundo lamacento. As folhas são arredondadas e flutuantes, possuem uma fenda até próximo ao centro da lâmina onde o pecíolo é inserido na face de baixo; a lâmina na face superior é lisa, de cor verde e brilhante; na face inferior possui nervuras proeminentes, cor verde-clara com manchas vináceas salpicadas e ainda contornando toda a borda. A margem da folha é inteira a levemente sinuosa.
A flor da Nymphaea caerulea é bissexual, possui sépalas verdes com finas manchas vináceas, as pétalas (14 a 20) são lanceoladas e de tonalidade azul-claro com a base esbranquiçada, os estames (50 a 75) possuem a ponta com a mesma tonalidade das pétalas e as anteras são amarelo vívidas, no centro da flor está o pistilo de cor amarelo vívido (a parte reprodutiva feminina) e que é pluricarpelado e contém muitos óvulos.
Flor da Nymphaea caerulea possui pétalas com ápice azul-celeste |
O fruto carnoso permanece submerso até a maturação, onde explode liberando as sementes. As sementes são minúsculas, medem de 1 a 2 milímetros de comprimento, são oblongas, acinzentadas e com estrias longitudinais. Elas possuem alta taxa de germinação, germinam em 20 dias. Após a germinação, as plântulas de ninfeia permanecem na superfície para receber mais luz solar até o desenvolvimento dos cotilédones (minúsculas folhas avermelhadas) e após alguns dias submergem para enraizar no fundo lamacento.
Benefícios e advertências no cultivo de ninfeia
A ninfeia é uma planta muito ornamental e uma bela opção para laguinhos artificiais, ou também pode ser cultivada em vasos do tipo bacia, desde que tenha solo no fundo, e nesse caso uma única muda de lótus-azul será suficiente devido a quantidade de folhas que a planta emite. Além do benefício ornamental e simbólico ela promove a purificação da água por absorver poluentes, ainda proporciona abrigo e alimento para algumas espécies da fauna aquática.
Já em lagos maiores e de pouca profundidade a ninfeia pode cobrir toda a superfície do ambiente aquático reduzindo o espelho d'água devido a sua rápida proliferação e, com isso, pode causar efeitos indesejados e até danos a outras plantas submersas que deixarão de receber luz solar vindo a morrer. Por se tratar de uma espécie exótica, ou seja, não nativa do Brasil, deve-se ter atenção para não introduzir essa espécie em ambientes naturais afim de evitar a competição com as plantas aquáticas nativas que podem acabar sendo extintas do ecossistema.
Assista ao vídeo sobre o Lótus-azul da mitologia egípcia:
Postar um comentário